quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Espiritualidade Sem Dogmas

As pessoas pensam antes de agir. A mente abre caminho para o gesto prático. Mas o que inspira e ilumina a mente pensante, a não ser a alma imortal? O que seria de nós sem nossa essência espiritual, aquele centro de luz e verdade em nosso interior?

É a intuição que abre caminho para o pensamento. Mas quase sempre esquecemos disso. Nossa consciência intuitiva age de modo misterioso e inconsciente, e são raros os momentos em que percebemos o seu funcionamento. Ela nos guia e protege silenciosamente, porque em geral o cérebro físico não consegue captar os sinais da sua atuação.

Inteligência racional, sentimento religioso e intuição espiritual são fatores decisivos para a evolução humana.
As três funções são inseparáveis entre si, porém, ao mesmo tempo, cada uma delas é diferente e autônoma em relação às outras.
A busca científica, por exemplo, amplia os níveis conscientes da mente e deseja total liberdade diante de quaisquer dogmas religiosos. Mas o cientista é inspirado pela dimensão espiritual e intuitiva da vivência religiosa, da contemplação do absoluto, da magia do cosmo.

A intuição e o sentimento religioso nos possibilitam ter acesso ao que está além do pensamento. Albert Einstein, um dos maiores cientistas de todos os tempos, escreveu:

“O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um ser de quem esperam bondade e do qual temem castigo – um sentimento exaltado semelhante aos laços do filho com o pai; um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam.”


O espírito científico, segundo Albert Einstein, não existe sem a religiosidade cósmica, que consiste no êxtase diante da harmonia das leis da natureza.
Para Einstein, essa religiosidade primária não é a do cientista. Ele diz: “O sábio, consciente da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado, que estão submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. (...)
Sua religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu talento não podem desvendar, diante dela, a não ser seu próprio nada irrisório.
Esse sentimento desenvolve a regra dominante da sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a escravidão dos desejos egoístas” (Como Vejo o Mundo, Albert Einstein, Ed. Nova Fronteira, RJ, 1981, 213 pp. Ver p. 23).

Através da ciência, a mente humana não só descobre o mundo natural, mas aprende a identificar nele as mesmas leis divinas que regem o mundo espiritual e o mundo psicológico. A pesquisa científica é um dos caminhos que nos permitem ter acesso ao conhecimento do mundo divino, assim como a arte, a religião, o amor altruísta, a meditação.

Desde o início da história humana, as religiões ensinaram a unidade de todas as coisas. As ciências também sabiam dessa verdade universal; afinal, até alguns séculos atrás, o conhecimento científico era inseparável da religião. Foi a partir do início do século 16 que a ciência declarou sua independência. Isso ocorreu porque as religiões haviam decaído, passando a ser dogmáticas e a fazer o oposto do que pregavam.

Naquele momento, as descobertas tecnológicas e a exploração geográfica e econômica de novos continentes expandiam poderosamente o lado prático da mente humana, enquanto do ponto de vista religioso ela continuava presa a limites estreitos.
Ao mesmo tempo, eufórica com sua visão mecânica da vida, a ciência parecia esquecer da unidade interior de todas as coisas.
Os cientistas acreditavam que o universo inteiro podia ser visto, e manipulado, como um mecanismo material composto de inúmeras coisas separadas. Mas a descoberta dos elétrons, a física de Einstein e a mecânica quântica do século 20 abriram novos rumos e mostraram outra vez a unidade magnética e essencial de todos os seres e objetos do universo, sejam eles grandes ou pequenos, macrocósmicos ou microcósmicos.

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