domingo, 30 de maio de 2010

CORPOS FERIDOS

"Tinha um problema na perna.
Jogava-a para o lado e para a frente para poder andar. Mas andava.
Depois do aneurisma, reaprendeu a andar para reaprender a viver.

Passou sereno por mim naquela alegria de pessoa que venceu na vida.
Venceu a dor.
Pensei nos milhares de homens, mulheres e crianças que carregam no corpo um sinal de dor.
Ouvidos, olhos, diabetes, braços, mãos, pés, pernas, estômago, rins, pulmões...
Algo não funciona.
Então eles se armam de teimosia e dominam o corpo que tenta dominar seus males.
São pessoas lindas e fortes.

Como velas quebradas, provam que se pode emitir a mesma luz que as velas inteiras,
porque sua luz não vem de fora, mas de dentro.
Não sei o que seria do mundo sem eles.
Certamente seria um mundo mais fraco, mais insensível e mais triste.

Aquelas pernas e aqueles olhos atingidos pela doença continuam úteis.
Eles mostram que o ser humano é mais do que uma simples máquina.
A pessoa que leva o corpo é maior do que o corpo que a leva!"

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